Obama cita Alcorão e pede "recomeço" em relação com muçulmanos

Barack Obama realiza discurso a muçulmanos na Universidade do Cairo; ele pediu um novo começo entre americanos e muçulmanos

da Folha Online

O presidente americano, Barack Obama, disse nesta quinta-feira, em seu esperado discurso para o mundo muçulmano, no Cairo, que busca "um novo começo entre os Estados Unidos e os muçulmanos de todo o mundo" e que o país "não está, e nunca estará, em guerra contra o Islã". "Nós rejeitamos a mesma coisa que pessoas de quaisquer religião: a morte de homens, mulheres e crianças inocentes."

O americano falou para uma plateia de aproximadamente 3.000 pessoas, na Universidade do Cairo, de acordo com estimativa da rede de TV americana CNN.

Gerald Herbert/AP

Barack Obama realiza discurso a muçulmanos na Universidade do Cairo; ele pediu um novo começo entre americanos e muçulmanos

"Eu vim buscar um novo começo baseado no interesse mútuo e no respeito mútuo, baseado no fato de que os EUA e o Islã não são excludentes e não precisam competir. Em vez disso, eles se sobrepõem e dividem princípios comuns: princípios de justiça e progresso, tolerância e dignidade de todos os seres humanos."

No discurso, Obama defendeu a necessidade de combater o extremismo violento; reforçou que os EUA não têm intenção em estabelecer uma base militar no Iraque e irão devolver o controle do país aos iraquianos tão logo quanto possível; pediu compromisso com o projeto por um mundo sem armas nucleares; e pediu a expansão da democracia, da liberdade de culto e dos direitos das mulheres na região.

O americano recebeu muitos aplausos ao defender que Israel aceite a criação de um Estado palestino, solução para o conflito que é defendida pela maioria dos países árabes e Ocidente, mas que ainda não foi publicamente aventada pelo novo --e conservador-- governo de Israel, empossado em março passado.

"O único método de atender as aspirações de ambos os lados são os dois Estados, onde os israelenses e os palestinos poderão, cada um, viver em paz e segurança. É do interesse de Israel, do interesse dos palestinos, do interesse dos EUA e do interesse do mundo. Por isso vou buscar, pessoalmente, esse resultado, com toda a paciência que a tarefa exige."

O presidente citou, em sua declaração, o Alcorão, sempre sob aplausos. "O Alcorão ensina que matar um inocente é como matar toda a humanidade e que salvar um inocente é como salvar toda a humanidade. [...] O Islã não é parte do problema no combate aos extremistas violentos, e sim uma parte importante da promoção da paz."

Quase ao final de seu discurso, Obama citou também a Bíblia, o livro sagrado cristão. "A Bíblia Sagrada nos ensina 'abençoados são os pacificadores, que deverão ser chamados filhos de Deus'."