Três deputados envolvidos no DEMSALÃO do DF devem ter mandatos cassados.


Para tentar evitar a intervenção federal no governo de Brasília, a Câmara Legislativa do Distrito Federal está decidida a cassar o mandato de pelo menos três dos oito deputados distritais envolvidos no escândalo do mensalão do DEM.

A tendência é que o corregedor da Câmara, deputado Raimundo Ribeiro (PSDB), recomende a abertura de processo por falta de decoro parlamentar contra os três deputados - Leonardo Prudente (ex-DEM, sem partido), Eurídes Brito (PMDB) e Júnior Brunelli (PSC) - que foram gravados recebendo maços de dinheiro do ex-secretário de Relações Institucionais do Distrito Federal Durval Barbosa.

Ao mesmo tempo, os deputados distritais decidiram aprovar a abertura de processo de impeachment contra o governador licenciado José Roberto Arruda (ex-DEM, sem partido). Preso desde quinta-feira na Polícia Federal, Arruda perdeu a base de apoio na Câmara, que deverá aprovar na quinta-feira, na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça), o andamento de um dos três pedidos de cassação de seu mandato.

Fiel aliado de Arruda, o deputado Batista das Cooperativas (PRP), relator dos pedidos de impeachment na CCJ, já anunciou que seu parecer é pela admissibilidade da abertura do processo. A decisão de entregar a cabeça de Arruda foi tomada pelos distritais na sexta-feira também como uma tentativa de evitar a intervenção federal.

O corregedor Raimundo Ribeiro pretende apresentar seu relatório com os pedidos de cassação do mandato dos envolvidos no escândalo da Caixa de Pandora no início da próxima semana.

Paulo Octávio

O governador em exercício do DF, Paulo Octávio (DEM), também é acusado de fazer parte do esquema que ficou conhecido como mensalão do DEM. No cargo desde a prisão de Arruda, Paulo Octávio é alvo de pedidos de impeachment.

A reunião do partido que vai decidir o destino político do governador em exercício, que aconteceria na quinta-feira (18), foi transferida para a próxima terça-feira (23).

Nos bastidores, a cúpula da legenda está dividida quanto à expulsão de Paulo Octávio. Alguns querem que o governador em exercício saia da legenda ou do governo - o partido deu prazo até quinta-feira para que todos os filiados deixem seus cargos no governo do Distrito Federal. Outros preferem esperar para saber se o presidente Luiz Inácio Lula da Silva vai apoiar ou não a permanência de Paulo Octávio no governo do Distrito Federal.

Habeas corpus

Arruda está preso desde a quinta-feira da semana passada. Na sexta-feira, o ministro Marco Aurélio Mello negou pedido de habeas corpus ao governador. A data para o plenário do Supremo votar o recurso contra a prisão ainda não está definida.

O governador afastado do DF foi preso após decisão do STJ (Superior Tribunal de Justiça). Além de Arruda, estão presos Geraldo Naves (DEM), ex-deputado distrital; Wellington Moraes, ex-secretário de Comunicação do DF; Haroaldo Carvalho, ex-diretor da CEB (Companhia Energética de Brasília); Rodrigo Arantes, sobrinho e assessor direto do governador; e Antônio Bento da Silva, servidor aposentado do governo do DF.