ELEIÇÕES 2010: Wagner e Otto concretizam casamento


Mesmo com o atraso de quase duas horas, o governador Jaques Wagner marcou presença ontem, ao ato de filiação do ex-conselheiro do Tribunal de Contas dos Municípios, Otto Alencar, ao PP. A demora, contudo, valeu a pena para as lideranças políticas envolvidas. O evento, ocorrido na sede estadual do partido, serviu para selar a paz definitiva entre o partido e o governador, abalada há cerca de uma semana após o remanejamento da vaga progressista da chapa majoritária.

O presidente do PP, deputado Mário Negromonte, afirmou que houve equívocos tanto do partido como do governador e da parte de Otto, mas “está tudo sanado, tudo superado”. O distensionamento começou num primeiro encontro no domingo a noite. O consenso foi obtido na manhã de terça e chancelado publicamente ontem.

Jaques Wagner foi além. Admitiu que a mudança partiu dele, para equilibrar na chapa “novos” e “velhos” amigos, tanto na dupla que disputará a permanência no Palácio de Ondina – ele e Otto – como nos dois que concorrerão à vaga do Senado – Lídice da Mata (PSB), praticamente certa, e César Borges (PR), o mais provável. “Se algum erro houve, se houve algum ruído de comunicação, pode debitar na minha conta, que é verdade”, afirmou Wagner, que não perdeu a chance de elogiar o futuro companheiro de chapa.

“Otto é uma figura que agrega um potencial político muito grande”. Segundo o petista, que também elogiou o desempenho do PP no governo do estado - onde responde pelas secretarias da Agricultura e Infra-estrutura -, “tensão subiu, tensão desceu, e a boa tranquilidade fez a gente chegar a este momento”.

PP e PT são aliados desde o ano passado, e ficaram mais próximos após a saída do PMDB do governo baiano. Mário Negromonte não escondeu que o desejo do partido era o Senado, em razão dos planos nacionais dos progressistas de elegerem de quatro a seis senadores em todo o Brasil. Mas, em virtude dos problemas de saúde de Otto Alencar e do relacionamento com o governo Wagner, resolveu aceitar o pedido do gestor. “Como já éramos aliados e entramos nesta eleição para ganhar, aceitamos o acordo numa boa”. Uma das vertentes do acerto é uma possível coligação para proporcional entre as siglas. O assunto está em debate, mas ainda sem definição.

No evento, Otto Alencar também fez um discurso pacificador, ressaltando que nos 18 anos de atividade política antes de se tornar conselheiro do TCM, militou sempre no PL (hoje PR). Ele disse que pretende, neste novo momento, permanecer no PP. Reiterou que confia no projeto do governador e que abraça sua causa, fazendo afago inclusive numa das ações mais polêmicas.

“Sexta economia do país, com sua força política, a Bahia tem todas as condições de sonhar com a ponte Salvador-Itaparica”. Otto e Negromonte negaram que a indicação do sucessor do ex-conselheiro no TCM – o indicado é o técnico Plínio Carneiro Filho – fizesse parte do acordo com Wagner, hipotecando a ele toda a prerrogativa da escolha, que precisará de aval da Assembléia. Compareceram deputados federais, estaduais e outras lideranças do partido.

Fonte: Por Adriano Vilela.