Prefeita de Jeremoabo ignora problemas de seca e miséria da população e adquire 17 veiculos e suco de laranja.


Talvez a palavra mais correta que nesse momento poderemos dizer é indignação, pois a prefeita de Jeremoabo está perdida no tempo e no espaço, ou então perdeu o senso de responsabilidade. A Bahia enfrenta a pior seca dos últimos 40 ou mesmo 80 anos, são 240 municípios em situação de emergência.

Muitos prefeitos no início desse ano se deslocaram a Brasília com pires na mão alegando que iriam fechar as portas das prefeituras por falta de recursos, inclusive numa dessas excussão estava presente a prefeita milagreira de Jeremoabo.

Em tão curto espaço de tempo o milagre aconteceu em Jeremoabo, a prefeita milagreira "anabel", eliminou a fome e sede da população, do rebanho bovino e caprino, adquirindo 17 carros e doando 45 toneladas de sucos de laranja.

Se a situação não fosse humilhante, degradante de extrema gravidade, eu diria que era hilariante. Para que os alienados e puxa sacos não pensem que estou escrevendo só para ser contra os milagres da prefeita, de Jeremoabo transcreverei baixo artigo http://www.valmirandrade.com , que de certa forma se enquadra perfeitamente nos desmandos do desgoverno municipal:

Carros

"É certo que a frieza dos números, muitas vezes, faz com se pense o problema neles refletido como algo distante. Deve ser por isso que muitos gestores capengas, despreparados e desumanizados desviam dinheiro do combate às mazelas que a seca vem provocando e aplicam a verba em festa eleitoreira - embora discursem, aos quatro cantos, sobre atos piedosos. Deve ser por verem somente números e não pessoas por trás destes que muitos gestores tratam as consequências da maior seca dos últimos 50 anos apenas como mais um tema pelo qual o político deva fazer caras e bocas na imprensa. No entanto, para quem compreende a gravidade e sente a tragédia que isso representa na vida de milhares de sertanejos, os números, que expõem a realidade dos sertões pernambucano e baiano neste momento, são motivo de profunda tristeza e de urgente necessidade de ações efetivas por parte dos governantes.

É inaceitável que um governador (como fez o da Bahia, Jaques Wagner, no Roda Viva, da TV Cultura) diga que "era imprevisível uma seca como essa". Anunciou, na última quinta-feira , 4 de abril, que fará poços em centenas de cidades atingidas pela tragédia. E colocou o verbo no futuro: "A Bahia terá mais R$ 50,9 milhões para medidas de enfrentamento aos efeitos da seca". Por que não fez antes, em seus quase 8 anos de governo? A seca, por acaso, é novidade na vida sertaneja? Não. Do mesmo modo, não é novidade o sofrimento de homens, mulheres e crianças no sertão e o descaso conveniente dos que nunca deixaram que a indústria da seca se acabasse. ...

Mas, na caatinga, a história é outra: os agricultores reclamam da burocracia e da dificuldade de acesso ao dinheiro. Dizem que o milho subsidiado não é suficiente, e já relatam até a ocorrência de desvio do produto. Como as sacas são brancas, sem carimbo da Conab, também fica difícil rastreá-las no caso de comércio irregular'.. . Mas, ao longo dos anos, o mais comum é ver contratações de carros-pipa que só aprisionam sofredores - e os algozes ainda divulgam isso na imprensa. Vergonhoso e repugnante! Os números (até mesmo os oficiais do governo) são funéreos. ...

Na Bahia, dos 417 municípios, 240 prefeitura decretaram "estado de emergência". Diz-se que a seca deve causar uma queda de até 8% do Produto Interno Bruto do estado; sobretudo, agora, depois da perda de grande parte da produção de feijão e milho. A verdade é que os "decretos de calamidade" são eleitoreiros e mecanismos de corrupção em muitos casos, porque liberam os municípios e estados de realizarem algumas exigências legais de transparência e ainda os permitem receber verbas extras. Basta observar a postura da maioria dos prefeitos depois dos decretos. Pior: contam com a cumplicidade, muitas vezes, de órgãos governamentais ou não, para captar verbas, forjar editais e contratações, condenando os sertanejos a nunca verem o dinheiro e a solução dos caos."

Portanto, para quem possui o mínimo de discernimento, julga pela razão e não pela emoção ou fanatismo, haverá de convir que a prefeita milagreira está agindo de forma vergonhosa e repugnante, fazendo de conta que não enxerga a cara da miséria!

Por Dedé Montalvão.