Delegada Mirela titular da Deam em Paulo Afonso.
A violência contra as mulheres é um problema global e muito antigo. Ao longo de séculos, o mundo, dominado pela cultura patriarcal, assistiu aos mais diversos abusos praticados contra o sexo feminino sem se importar. Hoje, a maior parte dos países se esforça para acabar com esse problema e o Brasil é referência tanto positiva quanto negativa neste cenário. A cidade de Paulo Afonso também tem seus números, em entrevista à RBN a Dra. Mirela Santana responsável pela Delegacia da Mulher conta um pouco dessa realidade em entrevista.
Em relação ao período de festas juninas e ao primeiro semestre, Paulo Afonso acompanha o crescimento do Brasil?
Dra. Mirela – A violência em Paulo Afonso se encontra estabilizada, por assim dizer as ocorrências continuam acontecendo, mas em um número dentro da razoável, o que a gente vem observando dentro desses quase 6 anos de DA (Delegacia da Mulher) é que o número de lesão corporal tem diminuído bastante. Há seis anos nós tínhamos muitas lesões e a maioria grave e até homicídios, mas o que aumentou foi o número de ofensas de xingamentos e ameaças.
Por que exatamente de xingamentos e ameaças?
Dra. Mirela – Acho que o perfil do agressor depois da Lei Maria da Penha e da aplicação dela, mudou. Com o grande número de prisões, de medidas protetivas aqui em Paulo Afonso o agressor deixou de agredir fisicamente e passou para uma violência psicológica e para a ameaça achando que talvez fosse mais difícil a prisão, o que não é verdade, aqui em Paulo Afonso temos mais prisões exatamente por agressões.
A população e mais especificamente as mulheres teem um conhecimento da Lei Maria da Penha, depois da aplicação desta lei a população tem prestado mais queixas?
Dra. Mirela – Em pesquisa nacional temos conhecimento que mais de 90% da população já ouviu falar da lei. E aqui em Paulo Afonso acho que a estatística é diferenciada. Porque a rede municipal e o Conselho da Mulher de Paulo Afonso produz um material para ser distribuído nas escolas, universidades, postos de saúde, associações, igrejas etc. Com certeza aqui 70% tem conhecimento da lei.
Como a Lei Maria da Penha trata da questão doméstica, ela também se aplica ao homem vítima?
Dra. Mirela – Não. A lei é clara, é aplicada para mulheres vítimas de agressores independente do sexo. Poder uma parceira, casais homoafetivos, grau de parentesco uma neta que bate na avó, uma tia, mas somente protege a mulher.
Alguns estudos comprovaram que existe uma relação direta entre consumo de álcool ou drogas e o aumento de violência contra a mulher, como a senhora orienta a população nesse sentido?
Dra. Mirela – Dra. Mirela - Isso é uma preocupação muito grande, tanto drogas lícitas quanto ilícitas. Em primeiro lugar, se o companheiro ou companheira beber é aconselhável que a mulher não beba. Porque aumenta o risco de brigas e agressões e em segundo, o que nós orientamos é que se já existe histórico de agressão, que a mulher tenha uma cópia das chaves para uma emergência, evite discussão em lugares onde tenha objetos que possam machucá-la, e uma bolsa com documentos e roupas no caso do companheiro está embriagado.
Com informações de Ivone Lima rbn.